TI precisa de mais artistas

Achei muito interessante o texto do Ivo Nascimento, que resolvi publicar aqui também.

“Quantas pessoas você conhece que são capazes de dizer a seguinte frase: Eu só trabalho aqui.

Eu espero que poucos e espero também que você não compartilhe desse pensamento, obvio… e que corra dessas pessoas como quem corre de um tsunami.

Nosso trabalho só consegue ser bem feito quando estamos envolvidos emocionalmente com ele.

Enquanto o relacionamento com seu trabalho for baseado no número da sua conta corrente e tiver seu auge nos dias 5, 15 ou 30, nada, repito, NADA que você fizer vai mudar o mundo, nem que seja somente o SEU mundo.

Paixão é a palavra aqui. Paixão pelo que você faz.

Não adianta dizer-se apaixonado, você precisar SER apaixonado e ai que chego no que considero o maior problema.

Caramba, pensa bem, você vai conseguir se apaixonar sempre por toda empresa em que entrar para realizar um projeto?

Claro que não. Não tente se enganar sobre isso.

Ninguém se apaixona por uma empresa logo que entra, e a maioria sai da empresa depois de anos sem nunca ter se apaixonado por ela.

Em parte isso é culpa das empresas, que com uma visão estranha da realidade, disparam uma torrente de tarefas encadeadas para você fazer, quando na realidade deveriam disparar uma torrente de tarefas sim, mas para você se envolver.

Eu não vou falar de empresas aqui, só achei necessário usar a palavra empresa no parágrafo acima para poder conectar as coisas na ordem certa, que acho não ser a ordem atual.

Você não deve se apaixonar por uma empresa antes de se apaixonar por você, pelo seu trabalho, pelo seu resultado. Pela sua obra prima.

Se apaixone pelo que você faz meu caro. E se você tentar e não conseguir se apaixonar, esta mais que claro que você esta fazendo isso errado e talvez o caminho seja procurar outra profissão ou outra maneira de se apaixonar.

Pense como um artista, que apaixonado pela sua arte, não se importa de brigar por ela, discutir e se necessário, chorar por ela.

As melhores coisas que realizei não vieram de uma estrutura fixa Top Down clássica, elas nasceram como resultado da minha paixão pelo que faço junto a grande sorte de encontrar pessoas também apaixonadas pela sua arte.

Quando você é apaixonado pelo que faz as pessoas que também o são percebem, acredite em mim, e se aproximam, trocam ideias. Enquanto as que “só trabalham aqui” procuram te evitar, por que você mexe na situação, estraga a porcaria da zona de conforto e os que “só trabalham aqui” amam esse pedacinho do NADA.

Eu tenho um nome para esse pedacinho do NADA chamado “zona de conforto”. Eu gostaria de chama-lo de concha. Um treco que serve pra te proteger e tem que ser justo ao seu tamanho.

Se a concha for grande demais, atrapalha se movimentar e se for pequeno demais, vai te causar dores horríveis. Um treco que você imagina que te tras segurança, mas que não vai servir em você(para você) a vida inteira.

Não entre na concha meu amigo. Não entre na maldita concha. Viva como um artista, aja como um artista, viva como um artista. Seja você mesmo.

E se onde você trabalha não houver espaço para arte, tente criar um mural discreto nos bastidores. Talvez você descubra mais artistas como você, pessoas apaixonadas pelo que fazem, mas que entraram na concha sem querer mesmo, ou por que ali parecia seguro ou por que do lado de fora dela era muito mais perigoso.

E se nada funcionar, procura uma empresa que procure por artistas. Elas existem, exatamente da mesma maneira como existem as conchas.”

Texto original: TI precisa de mais artistas